quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

As cisternas rachadas do consumismo


As cisternas rachadas do consumismo






            O coração humano é de fato como a Bíblia descreve: “é mais enganoso que qualquer outra coisa e sua doença é incurável” (Jr 17.9 NVI). Um desses dilemas que enganam, corrompem e encaminham o coração humano a uma falsa fonte de satisfação, é o consumismo. Este mal que tem literalmente consumido as pessoas é na verdade uma tentativa de ter algum tipo de satisfação em coisas ou pessoas de forma desenfreada. Todos os dias somos bombardeados por uma série de propagandas sobre novos produtos que seduzem nossos corações e geram “necessidades” que antes não tínhamos. Pior que isso não se refere apenas com coisas que podemos comprar, porém, envolve pessoas também. Tornamo-nos consumidores de pessoas também. Vivemos relacionamentos que tem por base aquilo que os outros podem nos dar, aquilo que pode ser lucrativo pra nós, se vale a pena ou não a aproximação de grupos ou pessoas no que diz respeito ao que posso conquistar e tudo isso é fruto de um relacionamento consumista com o próprio Deus. É aquela velha fórmula: “Se Deus não serve aos meus propósitos, Ele não serve pra mim”, porém sobre isso falaremos em outro post.

            Há um texto que gosto muito e que para mim define bem esta situação vivenciada por nossa geração. É Jeremias 2.13, no qual encontramos a seguinte constatação vinda do Senhor por boca do profeta: “O meu povo cometeu dois crimes: eles me abandonaram, a mim, a fonte de água viva; e cavaram as suas próprias cisternas, cisternas rachadas que não retêm água”. Diante dos dois males expostos pelo Senhor e relatados pela boca do profeta Jeremias, podemos constatar alguns aspectos que talvez para alguns passem despercebidos. O fato, antes de entrarmos nestes aspectos, é que o coração dos crentes anda tão disperso que nem se apercebe quão profunda e reveladora é a Palavra de Deus. Bom, mais vamos aos pontos.
           
O primeiro aspecto que percebo é que há uma luta por água, só que essa é uma luta tola, cega e pecaminosa. Isso é dito pelo profeta quando Deus aponta um dos males: “eles me abandonaram” e Ele é: “a fonte de água viva”. Qual o significado desta verdade? A primeira afirmação que temos a fazer é que o coração humano foi criado por Deus e para Deus. Foi criado para a glória de Deus e desfrutar da Sua presença para sempre. A estrutura humana é assim. É Deus quem satisfaz plenamente o coração do homem, entretanto em uma estrutura de queda, o homem é inimigo de Deus e luta contra tudo que é proposta, ou caminho apontado por Deus como sendo de vida. Pra ele, o seu “eu” se tornou uma espécie de deus e neste caminho de pecado, sua satisfação agora se torna algo a ser saciado num caminho em que seu coração, o mundo e o diabo apontam como sendo verdade. Todavia, a sentença trazida pelo profeta não diz respeito aos que estão fora da aliança, pois a afirmação de Deus é: “o meu povo”. Como o povo da aliança, gente que faz parte de uma nova caminhada pode abandonar o Senhor e viver cavando cisternas como o povo que não conhece a Deus? Como pessoas que possuem a fonte de água viva podem desejar uma água ilusória que quando se acha ela some (Lembre que as cisternas são rachadas)?
           
Cisternas rachadas se apresentam como fonte de saciedade, porém são rachadas, jamais satisfarão a sede do coração. O consumismo dos nossos dias, assim como o hedonismo, o egocentrismo e muitos outros artifícios que estão aflorados no presente século apontam para as cisternas rachadas como sendo o caminho, a verdade e a vida, porém, pensando em consumismo, por mais que se consumam coisas ou pessoas, a sede do coração permanece, pois esta só pode ser satisfeita em Cristo Jesus. Foi Ele quem afirmou a mulher no poço de Jacó, na cidade Samaritana de Sicar (Jo 4) que quem bebesse da água que Ele desse jamais voltaria a ter sede, antes pelo contrário, do seu interior fluiriam rios de água viva.
           
Consumir não é pecado, porém o consumismo é. Viver correndo e empreendendo de forma ingrata (ao que Deus já tem suprido), desnecessária e pecaminosa cuja satisfação está em coisas e pessoas é prova contundente de quão distantes do Senhor Jesus e Sua Palavra o povo de Deus está. O mundanismo que invadiu o coração do povo de Deus no passado é o mesmo dos nossos dias. Ele se apresenta revestido de avanço tecnológico, novas tendências, moda, relacionamentos com promessas de plena satisfação dentre outras coisas e se você não mergulha de cabeça em tudo isso, você está por fora, atrasado, virou peça de museu e inclusive, para que uma pessoa possa se manter dentro de estruturas sociais hoje em dia, ela tem que entrar nessa roda diabólica para que seja aceita. Hoje como resultado desse estilo de vida corrompido, encontramos pessoas ansiosas por ter sempre mais e para ter sempre mais eu preciso ganhar mais e aí Deus, família, igreja ficam completamente jogados a planos secundários, porque o grande alvo é ganhar mais para ter mais.
           
É extremamente necessário um retorno aos meios de graça, é preciso haver verdadeiro arrependimento e retorno ao Senhor. Ele não é um poço furado! Em Cristo podemos encontrar verdadeira alegria e satisfação. De fato, conversão é um coração que muito mais que mudar rumos relacionados com práticas, tem em Cristo Jesus a sede do coração saciada. É um coração que quer comendo, bebendo ou fazendo qualquer outra coisa, faz para a glória de Deus e que olha para esse mundo e afirma que para ele o viver é Cristo, que fora dele não há vida nem tão pouco satisfação. Que Deus nos abençoe e nos dê um coração assim. No amor daquele que satisfaz.
Leonardo Cavalcante

terça-feira, 27 de novembro de 2012


 para a Glória de Deus!!! Existe isso???  

                Hoje pela manhã estive no culto de oração da igreja que faço parte e um dos aspectos abordados na ministração da Palavra, em sua aplicação, foi sobre a falsidade e a superficialidade dos relacionamentos virtuais. Faz tempo que estou incomodado e desejoso de escrever em um “resumo bem resumido” o que tenho comunicado em alguns estudos e pregações a respeito desse tema, então lá vai:
                O facebook, assim como o Twitter, se tornaram a febre após o quase sepultado Orkut. Não podemos desprezar o fato de que essas redes são excelentes meio de propaganda de negócios e serviços e poderiam ser bem mais utilizadas nesse sentido, contudo elas são, na maioria das vezes, um tipo de vitrine da vida daqueles que se tornaram uma espécie de dependente deles. E o pior de tudo é que entre muitos discípulos de Cristo isto se tornou realidade. São impressionantes os testemunhos de muitos que declaram sua dependência dessas redes sociais e literalmente tem crises de abstinência se não acessam ao menos uma dezena vezes ao dia para se atualizar com as últimas notícias sobre a vida alheia.

                Quando leio a Bíblia e reflito sobre um tema assim, percebo dois aspectos interessantes. O primeiro é que fomos criados por Deus para, assim como é com o Trino Deus, vivermos em comunidade. Foi assim desde a criação, foi assim na caminhada bíblica ao longo do tempo e é assim hoje. Somos humanos e a comunhão faz parte da nossa humanidade, porém ela é vivenciada face a face, usando as palavras do pastor Sávio, e não em facebook. Quando olhamos o testemunho dos irmãos no início da igreja do primeiro século vemos o mais claro sentido de comunhão (At 2. 42-47) com Deus que se refletia na comunhão dos crentes. Hoje em dia com o boom das redes sociais deixamos de lado, ou até abrimos mão completamente de uma caminhada íntima, relacional, onde não somos “fachadas perfeitas” que não tem crises e pecados, mas que abrem o coração e são confrontados, tratados e curados na disciplina por meio da Palavra, oração e do abraço cheio de graça que afirma: estou aqui contigo pra caminharmos juntos, por relacionamentos virtuais falsos e superficiais. Abrimos mão de chorar e sorrir frente a frente como irmãos, das longas conversas, dos momentos onde saímos simplesmente para juntos compartilharmos a vida e a caminhada com o Pai. Redes sociais se tornaram um local onde se é aquilo que se sonha ser e não o que se é na realidade. Um local onde pessoas que não tem coragem e Bíblia no coração para tratar seus relacionamentos mal resolvidos com o(s) próximo(s) enviam seus “recados” disfarçados de piedade, mas na verdade recheados de suas intenções críticas, facciosas e medonhas. Onde se colocam fotos e mais fotos, afirmações e mais afirmações de que “está tudo bem” onde na verdade está tudo indo de mal a pior. Onde a fofoca, o disse me disse encontram o ambiente perfeito para se estabelecerem. É esse tipo de relacionamento mascarado que tem se entranhado entre muitos do povo de Deus e é nesse ambiente que são desperdiçadas horas preciosas.

                O segundo aspecto que percebo é fruto de algo que um amigo uma vez me chamou atenção quando conversávamos sobre este assunto. O amigo me disse: “O apóstolo Paulo em seu tempo fez uso de mensagens por cartas”. Concordamos com isso e principalmente pelo conteúdo das cartas de Paulo. Onde percebemos em alguma carta Paulo perdendo tempo com baboseiras e frivolidades? Poderíamos seguir o exemplo de Paulo e usar esses meios com uma finalidade: a Glória de Deus!!! Já parou pra pensar no alcance e no poder de textos bíblicos lançados nas redes? Já parou pra pensar em vidas que podem ser alcançadas por uma palavra, um texto, um versículo que expresse a Glória de Deus e não a nossa?! Outro ponto sobre isto é que, Paulo escrevia porque estava impedido de estar presente, era necessário naquele momento de impossibilidade, mas se fizermos uma leitura acurada de suas cartas, seu desejo era estar perto dos irmãos, era participar da caminhada.

                Povo de Deus, acorde!!! Não perca mais tempo com o que é vão!!! Pregue a tempo e fora de tempo. Use aquilo que está a sua disposição pra promover Deus e não você!!! E acima de tudo, não abra mão de uma caminhada bíblica, de relacionamentos verdadeiros face a face, não abra mão de estar perto, como o Corpo do Cristo vivo e não virtual.

Leonardo Cavalcante

sexta-feira, 23 de novembro de 2012




E se eu estiver errado?

                O coração humano é uma caixinha de surpresas. Somos conduzidos em caminhos, afirmamos verdades, fazemos planos, julgamos circunstancias e pessoas... Mas, e se eu estiver errado?? Penso que uma das grandes avaliações que devemos fazer sempre é sobre a verdade e a realidade. Coloquei nessa ordem porque a verdade é quem conduz a realidade. Por exemplo, uma pessoa chegou pra mim e afirmou que, para ela, viver uma vida sexualmente ativa sem estar casado é algo absolutamente normal ... O que define sua realidade? A “verdade”, e nesse caso poderíamos chegar à conclusão de que verdade é algo relativo, porque para muitos outros isso pode ser verdade, parcialmente verdade ou totalmente falso. Nesse sentido verdade é algo relativo.

   Como isto é construído? Cada coração é composto por experiências e conceitos que servem como um alicerce que torna a pessoa no que ela é. Tudo isso é vivenciado desde os primeiro dias de vida e será alimentado e sedimentado no decorrer da vida. A família em que nascemos, as escolas que estudamos, os amigos que tivemos, os livros que lemos... contribuem para formar nossa cosmovisão. Todo este arcabouço pode conter muitas verdades assim como muitas mentiras também. O que então podemos considerar como verdade absoluta? Será que ela existe?
                
              Creio que existe verdade absoluta e que por ser assim ela deveria reger nossa realidade. Porém não é isso que acontece. Pense comigo, o que ocasionou a queda em Gênesis 3? Antes de entrarmos nesse ponto, considere o seguinte, Deus havia dado uma ordem ao homem e sua ordem era a mais pura verdade. Essa verdade deveria conduzir o coração do homem em obediência por causa do caráter de Deus. Então lá vai a primeira verdade: Uma das características de Deus, algo que faz parte do seu ser é a verdade, logo, Sua palavra é condizente com Seu caráter. O segundo aspecto verdadeiro, agora pensando em Gênesis 3, é que Satanás é perito em conduzir corações para um caminho de mentiras e rebelião. Jesus afirmou no evangelho de João 8.44 que no diabo não há verdade e que ele é o pai da mentira. Sendo assim, ele distorce a verdade de Deus para enganar a mulher e como percebeu que ela permaneceu com a verdade, lançou a dúvida no caráter de Deus. Conduzida agora por seu coração (padrão de verdade modificada) a mulher se rebela contra Deus junto com seu marido. Antes aquilo que era amor a Deus e confiança plena na Sua palavra se tornou em amor ao “eu” e incredulidade. Em poucas linhas, de forma superficial, é isso que aconteceu e que acontece conosco ainda hoje. Passamos a enxergar e a julgar a vida, as pessoas tendo por prisma nossos ideais, aquilo que cremos ser verdade e não aquilo que Deus fala e determina como verdade.
               
                Toda vez que a pergunta “e se eu estiver errado?”, ou “será que estou certo?” se apresentam em minha mente, ou quando alguém me confronta na caminhada, eu checo alguns pontos, como um check list, para saber qual o caminho de Deus, onde está a Sua verdade e o que é “verdade” do meu coração. As perguntas que faço ao meu coração são estas: 1) Estou ouvindo claramente a voz de Deus em Sua palavra? 2) Tenho meditado e orado sobre o que Ele me fala? 3) Tenho compartilhado e caminhado com a liderança espiritual que Deus instituiu em minha vida (que deve estar de acordo com todos os pontos)? 3) Deus será glorificado nessa caminhada? 4) Ela promove a paz e o crescimento espiritual da Igreja? 5) Ela leva outros a conhecerem a Cristo?
                
               Todas essas perguntas são Bíblicas e servem para guardar nosso coração das ciladas do diabo, do mundo e de nós mesmos. A verdade de Deus é absoluta, é autoritativa, normativa e deve ser crida e obedecida por aqueles que são Seus. Que o Senhor Jesus conduza nosso coração em Sua verdade e nos livre das inclinações corrompidas do nosso coração.
                Em Cristo.
Leonardo Cavalcante

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Um dos Grandes Males...

Um dos grandes males...




“Tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder”. (2 Tm 3.5)

Uma dica importante: Leia os textos Bíblicos que estão citados em parênteses.

O tempo das máscaras e ilusionistas está em alta! Não falo daqueles que percebemos descaradamente, dos que, com até um pouco de conhecimento da Palavra podem ser notados e rejeitados. Não me refiro neste post aos “grandes” pregadores milionários televisivos que poderiam se encaixar perfeitamente no texto escrito acima. Estou pensando nas microscópicas células malignas. Os próximos três parágrafos foram retirados do site: http://www.oncologiaclinicafpolis.com.br e nos contam, em resumo, uma história devastadora.

O câncer é fundamentalmente uma doença genética. Quando o processo neoplásico se instala, a célula-mãe transmite às células filhas a característica neoplásica. Isso quer dizer que, no início de todo o processo está uma alteração no DNA de uma única célula. Esta alteração no DNA pode ser causada por vários fatores, fenômenos químicos, físicos ou biológicos. A esta alteração inicial damos o nome de estágio de iniciação. Temos que ter em mente que uma só alteração no DNA não causa câncer. São necessárias várias mutações em seqüência, que ao mesmo tempo não sejam mortais para a célula, e causem lesões estruturais suficientes para causarem uma desregulação no mecanismo de crescimento e multiplicação.
O estágio de promoção é o segundo estágio da carcinogênese. Nele, as células geneticamente alteradas, ou seja, "iniciadas", sofrem o efeito dos agentes cancerígenos classificados como oncopromotores. A célula iniciada é transformada em célula maligna, de forma lenta e gradual. Para que ocorra essa transformação, é necessário um longo e continuado contato com o agente cancerígeno promotor.
O estágio de progressão é o terceiro e último estágio e se caracteriza pela multiplicação descontrolada e irreversível das células alteradas. Nesse estágio o câncer já está instalado, evoluindo até o surgimento das primeiras manifestações clínicas da doença.

Bom, não sou médico e isso, com toda certeza, foi um resumo “bem resumido” dessa terrível doença que tem afligido a tantos. Contudo, por que falar sobre câncer? A resposta é simples. Assim como o que acontece no estágio de iniciação de um câncer, nos dias de Paulo muitos tinham uma forma que era quase que imperceptível, invisível, mas estavam lá. A forma era de piedade. Células “piedosas”, gente que conseguia disfarçar muito bem suas verdadeiras características, gente que tem toda uma “áurea” de santidade. Essas pessoas segundo Paulo tem forma de piedade e isso é muito sério! A razão é que eles aparentemente buscam a Deus, são aparentemente pessoas da Palavra e da oração, suas conversas são recheadas de aparente vida com Deus, em seus projetos Deus é sempre mencionado e conseguem fazer seus prosélitos por conta do estilo de vida “piedoso”. São células malignas! Muito bem disfarçados por uma capa hipócrita de “piedade”.

            O segundo estágio do câncer também está presente nestes. O estágio de promoção é iniciado e agora as coisas começam a ficar mais sérias. Essas pessoas agora são expostas aos agentes promotores e Paulo afirma no capítulo 4. 3,4 que estes agentes promotores são os que falam, ou alimentam estas “células” com o que elas necessitam para continuar a sua peregrinação maléfica. Agentes promotores estão por toda parte. Neste caso são pessoas que iludem e são iludidas (3.13) abraçando a mentira como verdade e se aliando a Satanás no propósito de guerrear contra o Corpo. Tais promotores levam a célula corrompida a se tornar maligna e por meio desse processo lento e continuado com o agente promotor, a célula entra em seu terceiro estágio.

            O estágio de progressão é caracterizado, como vimos, por um processo de multiplicação dessas células malignas. No texto escrito pelo apóstolo, inspirado pelo Espírito, percebemos que eles fazem os seus prosélitos (3.6,7) assim como a célula maligna alimentada por agentes promotores se multiplica. Este é o momento em que as fofocas, o famoso “disse me disse”, onde críticas geradas por fatos mentirosos e até verdadeiros, porque todos estão sujeitos a equívocos, mas que deveriam ser tratados de irmão para irmão em integridade e amor (Mt 18.15-20), são contados soberbamente para outros promovendo assim o recrutamento destes para a batalha do mal. Ainda que sejamos diferentes, tenhamos cosmovisões que diferem em vários aspectos, somos chamados a pensar concordemente no Senhor (Fp 4.2) preservando assim a unidade do Espírito no vínculo da paz (Ef 4.3 ver também: Fp 2.1-11; At 2.42-47; At 4.32) e o contrário disso é abominável aos olhos do Senhor (Pv 6.16-19). Este é o estágio onde o câncer é instalado e os sintomas começam a se manifestar. O Corpo sente e acusa que algo está errado. Daí em diante as coisas só tendem a piorar porque se não tratado rapidamente há uma possibilidade de metástase, de expansão de algo isolado para outras partes do corpo atingindo outros órgãos e levando muitas vezes o corpo à morte.

A verdade é que essas pessoas tem forma de piedade, mas não são piedosas! Elas negam o poder de Deus, a verdade de Deus. O que elas querem é apenas firmar o seu reino e obter para si a glória porque por sua forma de piedade, adoram ser louvadas e adoradas, ainda que não admitam por causa de sua forma piedosa. O futuro delas é corroer e devastar a vida do Corpo. Elas negam o poder e o agir de Deus, pois pensam que são deuses e querem reger o Corpo compreendendo que são os melhores para isso. Negam o poder quando com sua vida dissimulada e apóstata buscam o seu caminho e rejeitam a Palavra na prática agindo nos bastidores, contaminado, fazendo seus recrutas e por fim sendo rebeldes. O fim destes é uma caminhada de mal a pior (3.13). Tais pessoas caem no erro que acontecia em Corinto que Paulo cita em 1 Co 11.17-34, não discernem o Corpo, não percebem o significado verdadeiro de comunhão, de que o mesmo sangue foi derramado na cruz e formou um único Corpo que é o de Cristo! Como falei no início, poderíamos falar de grandes heresias e charlatões, todavia esta que tratamos tem causado um mal devastador e é tão perniciosa quanto às que são amplamente discutidas.

            Que o Senhor guarde nosso coração em Cristo e caminhemos na certeza de que a verdadeira piedade vivenciada por meio de um genuíno andar em relacionamento com Cristo gera perseguição, porém esta por causa da verdade.

Leonardo Cavalcante 

sexta-feira, 2 de março de 2012

Prega a Palavra!


            


            É fato a superficialidade Bíblica dos nossos dias. Creio que o corre-corre, o cansaço e outras coisas são apenas desculpas esfarrapadas para a verdadeira razão: corações cheios de si. Essa manhã meditei em 2 Timóteo 3 e 4 onde a constatação dos últimos dias serve como um chamado ao estudo e pregação da Palavra. Nestes dias onde o homem é o centro, professar a fé na Bíblia é uma coisa, porém vivenciá-la é absurdamente inapropriado. Quer ver um exemplo claro disso? É belo e momentaneamente confortador perceber que Jesus convida a lançar sobre Ele toda nossa ansiedade, outra coisa é lançar, confiar e depender que posso fazer isso e encontrar alegria verdadeira. É fácil ler e até serve como desafio para os outros, ou para os filhos dos outros, o sair e por onde for fazer discípulos do Senhor Jesus, porque enquanto for na minha zona de conforto tudo bem, mas se não... Outro fato é aquilo que as pessoas gostam e querem ouvir, pois o que na verdade agrada são os Sete passos para alcançar a felicidade; Como viver um cristianismo light? Como ser próspero em meus negócios? Além disso, temos também um foco exagerado em temas como justiça social que leva muitos para uma visão reduzida e existencialista do evangelho. Bom, tanto este conceito voltado para o bem estar do homem, assim como a autoajuda, a prosperidade triunfalista e determinista e uma aberração da graça de Deus (que a transformou quase que em uma divindade) têm a sua ênfase no “eu” e para alcançar seus objetivos tomaram os púlpitos e regem milhares de pessoas que lotam templos e seguem os grandes ícones de um “evangelho” que faz com que os homens dos quais o mundo não é digno se “contorçam nos túmulos”.

            Pregar a Palavra, anunciar o Evangelho, se tornou não só um desafio, mas acima disso: perseguição. Mas, aqueles que pregam a palavra devem mudar o discurso? Temer? De forma alguma! O que Paulo adverte Timóteo é que “todos que querem viver piedosamente em Cristo serão perseguidos”(3.12)! O que de fato aconselha, cura, restaura, alicerça, purifica, guia, nos ensina o que crer, como viver, repreende, exorta, fortalece, disciplina...? É a Palavra! Deus por meio do Seu Espírito usa a Palavra. É nela que Deus se revela e é nela que aprendemos a conhecê-Lo e a nos relacionar com Ele. É por meio dela que Deus desafia Seu povo a segui-lo numa perspectiva teocêntrica e não humanista. Não afirmo com isso que Deus não se preocupe com justiça social, com que pessoas sejam felizes e que muitos desfrutem de prosperidade, contudo o centro de tudo isso é o próprio Deus e não o homem. A visão humanista que é fruto de rebelião, apostasia coloca o homem e suas filosofias no centro por uma razão obvia, “eu sou deus”, enquanto que a Palavra coloca o homem no seu devido lugar, prostrado diante do Senhor em reverente e humilde adoração reconhecendo que de fato só o Senhor é Deus. A Palavra quebra o sistema idólatra predominante que toma a agenda, as forças e o melhor das pessoas e direciona tudo isso para uma nova proposta de vida, onde, as lentes que agora sou chamado a enxergar a vida são as lentes da própria Palavra e desta forma, temos corações que se tornam biblicamente orientados.

            Encerro com as palavras de Paulo: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra. Conjuro-te perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino: prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda longanimidade e doutrina. Pois haverá um tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas. Tu, porém, sê sóbrio em todas as coisas, suporta as aflições, faze o trabalho de um evangelista, cumpre cabalmente o teu ministério” (3.16, 17; 4.1-5).
Leonardo Cavalcante

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Compromisso (parte 2)


          


           A reação da multidão nem sempre é aquilo que esperamos ver, contudo nada disso pegou Jesus de surpresa. Ainda que aos nossos olhos corramos atrás de grandes resultados, Jesus não está à procura disso. O que de fato interessa a Ele é cumprir a vontade soberana do Pai (Jo 6. 38-40) e Ele tem a plena convicção de que aqueles que o Pai lhe deu O seguirão (Jo 6. 44). Estavam presentes agora os doze. Todos se retiraram, cada um seguiu seu caminho de acordo com suas conveniências e desejos. Não havia no coração deles uma percepção clara e contundente sobre Jesus e isso é comprovado na atitude que eles tomam. Este acontecimento nos ensina que “multidão” não é necessariamente sinônimo de sucesso, ainda que nos nossos dias o sucesso da carreira de alguém seja medido por resultados como este ou outros parecidos. Haveria Jesus fracassado em seu discurso? Absolutamente não! A vontade soberana do Pai estava se cumprindo naquele momento.

            Agora, ele olha para os doze e pergunta: “Porventura, quereis vós outros retirar-vos?”, esse é o tipo de pergunta que Jesus faz e já tem a plena convicção da resposta.       Ele sabia que inclusive Judas, ainda que fosse o traidor, estava presente ali para cumprir a vontade do Pai. A resposta que vem dos lábios de Pedro revela o que está presente no coração dos outros (exceto Judas), ele assume a liderança e afirma: “Senhor, para quem iremos?”(Jo 6. 68). A questão presente aqui não é um local geográfico, porém alguém específico. Para quem iremos demonstra um compromisso firmado, uma aliança com alguém, uma certeza de que se está na companhia da pessoa certa. Esse não é o tipo de relacionamento vivenciado superficialmente, essa não é uma relação de coleguismo, ou apenas uma vivencia de trabalho. O fato disso é notado em três afirmações: Primeiro Pedro afirma que “Tu tens as palavras da vida eterna”, ora, a vida eterna, segundo as palavras ditas por Jesus, tinha haver com uma comunhão íntima com Ele (Jo 6. 50-58) e isto estava revelado ao coração daqueles que o Pai havia dado ao Filho. Em segundo lugar, Pedro afirma “e nós temos crido”. Crença é algo que transforma completamente o estilo de vida de alguém. As pessoas creem, por exemplo, que para ser feliz é necessário ter boas condições financeiras e alguém que o ame loucamente... Bom, crenças desse tipo são plantadas, crescem no coração como verdade e muitos se entregam e até se matam por isso. O crer que os discípulos professaram passa por um crivo muito mais profundo. O “crido” de Pedro passa por uma avaliação rica e criteriosa da verdade, algo profundo e não superficial. Era o casamento de todas as promessas do Antigo Testamento na pessoa do Jesus que estava ali com eles na caminhada. Em terceiro e último lugar, Pedro diz: “e conhecido”. As palavras são muito bem selecionadas e direcionadas pelo Espírito Santo que inspirou a escrita das Sagradas Escrituras, pois Ele se utiliza de uma palavra que não significa um conhecimento árido sobre algo, todavia um relacionamento íntimo com alguém. Havia entre eles relacionamento íntimo, sincero, verdadeiro. Eles compartilhavam uma caminhada que era muito mais que um treinamento, era vida, dia a dia, partilhar o pão, as lutas. Diferentemente dos nossos dias, onde as relações são extremamente consumistas, onde me aproximo apenas de quem pode contribuir para que eu seja, me sinta,... Na verdade, nós só temos tempo pra relacionamentos assim e esse não era o caso dos discípulos, eles entregaram a vida a Crsito.

            A grande questão que permanece é: o que nos leva a caminhar com Cristo? Temos nos alimentado dEle e cremos que nEle se encontram as palavras da vida eterna? Temos de fato crido nEle, confiado, colocado nossa vida em total dependência? E o que falar do nosso relacionamento? Será que existe mesmo um caminho diário, uma relação viva, ou são encontros frios e esporádicos? Somos chamados a uma reflexão profunda sobre isto. Que Deus conduza nosso coração à verdade e nos traga ao real caminho do discipulado.

Leonardo Cavalcante

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Compromisso (parte 1)





Compromisso é sem dúvida, nos dias atuais, uma palavra que permanece naquilo que é conveniente às pessoas, contudo naquilo que exige delas coisas que pesarão no prazer, ou naquilo que fará com que desejos pessoais sejam negados, o compromisso não permanece. Isso acontece em todas as esferas da existência humana, por exemplo, se minha esposa, ou esposo, não é pra mim aquilo que sempre esperei, por que permanecer casado(a)? Se amigos não são o que eu gostaria que fossem, por que continuar na caminhada? Bem, por aí segue uma lista quase que interminável de exemplos que poderíamos citar, contudo a pergunta que insiste em atormentar o coração é dura e precisa ser feita: E na vida com o Senhor Jesus, há compromisso?

            Jesus em sua caminhada descrita nos Evangelhos sempre atraiu muitos que por diversos motivos se agregavam e o seguiam. A grande questão é: que motivos os levavam a seguir a Cristo? No Evangelho de João, capítulo 6, encontramos a multiplicação de pães e peixes realizada por Jesus e que saciou a fome de muitos. Jesus mesmo percebeu que por estar a muito tempo com Ele, àquela multidão deveria estar faminta. É maravilho saber que nosso Senhor sabe o que necessitamos e antes que venhamos a pedir-lhe algo, Ele age em favor daqueles que o seguem. Porém, se a história terminasse aí poderíamos até afirmar que a multidão estava comprometida com Cristo compreendendo o caminho proposto por Ele.
Jesus parte de Tiberíades para Cafarnaum e ao perceber isto a multidão o segue. Jesus, que diferentemente de nós, não é enganado e por ser Deus, sonda e conhece o coração do homem, percebe a real motivação do coração daquela multidão. Não havia neles um interesse por Jesus e sim por aquilo que Jesus podia lhes dar. Eram como consumidores da fé. Hoje seu casamento vai ser restaurado! Hoje a prosperidade chegará a sua vida! Hoje você deixará de ser cauda e passará a ser cabeça! Hoje sua autoestima chegará até as nuvens com nossas palavras de autoajuda! Hoje o terapeuta Jesus fará consultas gratuitas e ensinará os sete passos pra felicidade! Bom, não quero ser seco ao ponto de afirmar que não existe interesse em Cristo por nossa felicidade, mas é necessário compreendermos onde está a fonte da alegria, do contentamento. Onde de fato podemos ser prósperos, curados, restaurados e felizes!

            No discurso à multidão, Jesus se declara como o pão vivo que desceu do céu da parte de Deus e aos que creem nEle a promessa é de que nunca terão fome e sede. O pão que os que dele se alimentam não perecem, mas têm a vida eterna! Ora, tudo isso soa à multidão como algo duro e difícil de ouvir, afinal de contas a motivação de estar ali era outra... Bom, agora não resta mais nada a não ser ir embora e achar outro “messias” que seja conveniente às minhas aspirações.
            Afinal, no que diz respeito às suas motivações, porque você segue a Cristo? O que leva você a buscá-lo? É o ministério, a cura, é porque muitos estão seguindo? Ou será por conta de um estilo de vida que aparentemente te agrada? Na próxima veremos a verdade que estava no coração de outros que caminhavam com Jesus. Deus te abençoe!
Leonardo Cavalcante